segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Pesquisas - Múltiplas Leituras: povos indígenas e interculturalidade



Alex Sandro Maggioni Spindler ¹
Profª. Me. Rosemari Lorenz Martins ²

O número de analfabetos no Brasil ainda é alto. Os resultados apresentados pelo INAF - Indicador de Analfabetismo Funcional -, mostram que, em 2009, da população entre 15 e 64, apenas 25% foi considerada plenamente alfabetizada, 47% possui nível básico de alfabetização, 21% nível rudimentar e 7% ainda são analfabetos. As causas desses baixos índices são diversas, mas, em parte estão relacionadas à falta de preparo dos alfabetizadores.
Os cursos de formação de professores, por exemplo, não preparam para a alfabetização de crianças bilíngues, mesmo que, a cada dia, a necessidade de falar outro idioma além do português cresça e mesmo que cerca de um milhão e meio de cidadãos brasileiros não tenham o português como língua materna. Ignorar as 20 línguas alóctones, isto é, de imigração, como é o caso do alemão, do italiano e do japonês, e as cerca de 190 línguas autóctones, isto é, línguas indígenas de vários troncos linguísticos, como o Apurinã, o Xokléng, o Latê e o Macro-jê, significa ignorar também a cultura dessas populações. Por isso, urge que se repense a formação que oferecemos aos nossos futuros professores, pois eles precisam estar preparados para respeitar e valorizar a língua materna de cada aluno e aproveitar os conhecimentos que cada criança traz de casa.
Nesse contexto, este trabalho, que é uma das ações do Projeto de Extensão “Múltiplas Leituras: povos indígenas e interculturalidade” tem como objetivo pesquisar sobre alfabetização bilíngue, desenvolver projetos de ensino  e materiais didáticos para alfabetização bilíngue (português brasileiro e kaingang), além de refletir sobre a formação de professores. É preciso destacar que este projeto está apenas iniciando, mas já é possível perceber que a alfabetização de crianças bilíngues exige uma metodologia diferente da utilizada para a alfabetização de crianças monolíngues. Em função disso, nesse primeiro momento, estão sendo realizadas pesquisas sobre educação bilíngue e sobre a cultura kaingang. Paralelamente a isso, estão sendo desenvolvidos projetos de ensino e materiais didáticos para esse tipo de ensino. Em uma etapa posterior, buscar-se-á implementar os projetos desenvolvidos e aplicar os materiais produzidos na comunidade kaingang Por Fi, parceira do projeto. A partir de tudo isso, será possível dar início a uma reflexão sobre a formação de professores.

 
¹ Aluno do Curso de Letras Português/Inglês, Bolsista de Extensão do Lavili-Português. alexmaggioni@feevale.br
² Mestre em Ciências da Comunicação, professora do Curso de Letras na Universidade Feevale e Líder do Projeto Lavili- Laboratório de Virtual de Línguas. rosel@feevale.br



AQUINO, Carla.  Uma discussão acerca do bilinguismo e do preconceito linguístico em populações bilíngues no sul do Brasil. Letrônica,v. 2, n. 1, p. 231 - 240, julho 2009.
GROSJEAN, F. Life with two Languages. An Introduction to Bilingualism. Harvard University Press, 1982.
KAUFMAN, Ana Maria. Alfabetiza ción temprana...? Y después? Acerca de la continuidad de la ensenanza de la lectura y la escritura. Buenos Aires: Santillana, 1998.

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